Um Mundo ao Contrário

"...privado das suas normas tradicionais de juízo e de escolha, o homem sente-se perdido num mundo que se tomou incerto. Mundo onde nada é seguro. E onde tudo é posível." A. Koyré, Considerações sobre Descartes, Editoral Presença, pp.24 a 26

sábado, abril 29

Tira-me da morte


Traz-me para a vida,
Como podes ver através dos meus olhos,
Como portas abertas,
Conduzirte-ei até meu interior,
Onde me tornei tão entorpecida,
Sem alma,
O meu espirito dorme augures, num lugar frio,
Até que o encontres,
E o leves de volta para casa,
(acorda-me),
Acorda-me por dentro,
(Eu não consigo acordar),
Chama-me e salva-me da escuridão,
(acorde-me),
Ofertar meu sangue para fugir,
Antes que eu me desfaça,
(salva-me),
Salva-me do nada que eu me tornei.
Agora que eu sei o que eu não tenho,
Não me deixes.
Respira através de mim, faz-me real,
Traz-me para a vida,
(acorda-me),
Estou congelada por dentro,
Sem o teu toque,
Sem o teu amor,
Só tu és a vida entre os mortos,
Todo este tempo,
Não posso acreditar que não pude ver,
Que me mantive no escuro,
Mas tu estavas lá á minha frente,
Eu tenho dormido há muitos anos,
Parece que tenho de abrir os olhos,
Para tudo,
Sem um pensamento,
Sem uma voz,
Sem uma alma,
Não me deixes morrer aqui,
Deve haver aqui algo mais,
Traz-me para a vida,
(acorde-me)
Chama-me e salva-me da escuridão,
(acorda-me),
Antes que eu me desfaça,
(salva-me),
salva-me do nada que eu me tornei.

Espelho


Estive a olhar para espelho durante tanto tempo,
Que comecei a acreditar que a minha alma estava do outro lado.
Parto o espelho á procura dela,
Os pequenos pedaços caindo, quebram-se ,
Pedaços de mim,
Afiados demais para serem colocados como eram antes,
Pequenos demais para terem importância, (sim, porque eu não tenho importancia).
Mas grandes o suficiente para me cortarem em tantos pequenos pedaços, para me destorçarem
Se eu tentar tocá-los, vou sangrar e sangrar...
E sangro...
E respiro...
Respiro, e tento puxar do poço do meu espírito.
Mente-me,
Convense-me que eu sempre estive doente,
E que tudo isto,
Fará sentido quando eu melhorar.
Eu sei a diferença,
Entre mim e o meu reflexo.
Não posso deixar de pensar:
Qual dos dois Tu amas? Eu ou o meu reflexo?

sexta-feira, abril 28

Ajuda-me


Preciso de alguem que tenha uma caixinha do tesouro, não abre e não desvenda o seu conteúdo, preciso de depositar la alguns dos meus desabafos, tem de ser uma caixinha do tesouro, porque vou colocar um pedaso de min, algumas das coisas mais preciosas. Vem e ajuda-me. Se te achares digno, e eu depositar algo na tua caixinha, espero que nunca o desvendes a ninguem.
Porfavor, ajuda-me, pesso-te.

Gostas assim tanto de alguem?



Um rapaz e uma rapariga iam de mota a 100 milhas (+/- 200km).
Ela diz: Abrada! tou com medo.
Ela diz: Não, isto é divertido...
Ela: Não e não! Por favor, estou assustada!
Ele: Então diz que me amas.
Ela: Pronto...eu amo-te! Abranda!
Ele: Agora da-me um grade abraço
Ela abraça-o.
Ele: Podes me tirar o capacete e po-lo em ti? Esta a fazer-me impressão.
No jornal do dia Seguinte: "Uma mota bateu contra um edifício por falta de travões. Duas pessoas iam na mota, apenas uma sobreviveu."

A verdade, é que a meio da rua, o rapaz percebeu que os travões não funcionavam, mas ele não queria que ela soubesse. Ele fe-la dizer que o amava, e abraça-lo uma ultima vez, depois fe-la usar o seu capacete para que ela sobrevivesse mesmo que ele morrese.

Foi-me enviado este e-mail, e achei que estava muito rialista, talvez eja este amor que falta na nossa sociedade.

sábado, abril 22

Liberdade


Um grito solto, perdido no ar
e o eco indo de encontro à muralha
de uma raça toda de negros bonitos.

Homens... mulheres... crianças... gente!
Que finalmente agora, era livree
no céu os raios de sol se
reforçaram para obter mais brilho e cumprimentar.

Liberdade!
Quem sabe apenas um erro de cálculo?
Não, não poderia ser! Agora não!
Agora um sorriso bonito era plantado.

Em cada rosto, em cada face encovada pelo tempo
em cada seio de família destruída
em cada filho... em cada amor
um sorriso bonito, sem significado.

Liberdade!
Quanto sonho numa só palavra, e numa cor
numa cor de pele, de um escravo
que agora ele era gente, finalmente gente!
Sem amo, sem chicote, sem feitor...
Sem comida, sem casa, sem remédios...

Liberdade!
Bendita sejas! Será mesmo que chegaste?!...

quinta-feira, abril 13

Mãe

Fui a uma festa, Mãe, e lembrei-me do que disseste.
Disseste para não beber álcool, por isso só bebi sumos.

Realmente sentia orgulho por dentro, do modo que disseste que me iria sentir.Eu não bebi, mesmo quando os outros me diziam que devia beber.
Eu sabia que estava certa, eu sabia que tinhas sempre razão.
Agora a festa está quase no fim e todos estão a partir.

À medida que me dirigia para o carro, eu sabia que chegaria a casa em paz. Devido à maneira como me educaste, tão responsável e carinhosa.

Comecei por tirar o carro do parque, mas assim que entrei na estrada,um condutor não me viu e bateu-me com muita força.

Enquanto estava no pavimento, Mãe, ouvi o polícia dizer: "O outro tipo está bêbedo",
e agora eu sou a única que vai pagar.

Estou aqui deitada a morrer, Mãe, desejo que chegues aqui depressa.
Como é que isto me pôde acontecer, Mãe?
A minha vida foi rebentada como um balão.

Estou rodeada de sangue, e a maior parte dele é meu.
Oiço o médico dizer que morrerei dentro em breve.

Eu somente te quero dizer, Mãe, eu juro que não bebi. Foram os outros, Mãe, os outros não pensaram.

Provavelmente ele estava na mesma festa que eu,a única diferença é que ele bebeu e eu vou morrer.

Porque bebem as pessoas, Mãe?
Pode arruinar toda a nossa vida.

Estou a sentir dores intensas agora. Dores como se me estivessem a espetar uma faca.
O tipo que me bateu está a andar, eu acho que não é justo.
Eu estou aqui deitada a morrer e tudo o que ele faz é olhar especado.

Diz á minha irmã para não chorar, diz ao pai para ser corajoso.
E quando eu for para o céu, Mãe, coloca "Filhinha do Papá" na minha sepultura.

Alguém lhe deveria ter dito, para não beber e conduzir.Se alguém lhe tivesse dito, eu ainda estaria viva.

A minha respiração está a diminuir, Mãe.
Estou a ficar com muito medo.Por favor não chores por mim. Quando precisei de ti, tu sempre estiveste lá.


Eu tenho uma última questão, antes de dizer adeus:

Eu não bebi e conduzi, porque é que tenho que ser eu a morrer?